somente ar, nada de metafísica

Só há certeza e nada de malabarismo: ou cê tá com o diagnóstico ou não tem nada. Não tem essa de fezinha no jogo e incerteza na rolagem de dados.

Cê tá perdido? Tá na merda? Toma uma cachaça do terreiro, come umas balas e cai no mato. Acorda todo vomitado com o Exú te olhando feio.

Já deixou tanta gente puta… levanta o olho e vê a humanidade te mirando, cheia de gente tosca e legal, deuses, diabos, entidades, um monte de criaturas sem nome e uma porrada de engravatados. Escolha o seu lado, por favor.

Mas tente agradar aos outros. Não se esqueça disso se quiser ser feliz.

quem oprime os opressores?

malandro, é o seguinte: se você não se defender, você apanha, certo? e os caras tão aí, com granada, com arsenal caro e legalizado e carimbado, estão com a polícia polida que pede desculpas pela abordagem em Alphaville, mas pouco se fode quando é na periferia; mano, eles estão com os ódios expostos e declaradamente querem nos matar e colocar toda essa porra na vanguarda do atraso. sem dó, sem clemência; vamo é sifudê… ou a gente revida ou a gente cai. o que fazer? se eu cair, eu caio estilo Beat Takeshi, tipo Butch Cassidy e Sundance Kid. quem oprime essa gente? ninguém? (pichei no banheiro e saí correndo, pau no cu tã nã nê no)

epifania de boteco

‘você é uma piada’. veio assim, na lata. e, de repente, tudo fazia o maior sentido. passei uns dias na merda. em outros foi indiferente… a revelação estava feita; o impacto foi um baque esquisito. abalou um pouco. eu passei a maior parte do tempo em silêncio, fazendo o que tinha que fazer; existindo. e eu só ouvia outra epifania nesse silêncio das relações frívolas do trabalho, maior ainda: ‘todo mundo é uma piada’. eu não sorri, eu não pensei, eu só segui fazendo o meu trabalho, mecânico, estrangulando coelhos que desciam em um grande escorregador colorido com o logo da empresa.

camgirls, shemales e ex-celebridades pornô decadentes retweetam o meu blog

divulgo tudo em portas de banheiros públicos. melhor publicidade não há, empreendedores. a vida segue. às vezes eu peço um pingado no boteco de manhã. o meu toque de ousadia a essa altura. antes do trabalho. mano, é uma desculpa para ir ao banheiro. mijo. escrevo o endereço do blog com canetinha (de florzinha). o twitter é o banheiro público. o twitter é o largo da batata.

a reunião anual dos profetas da própria morte

Chegaram. Todos. Sentaram-se às cadeiras com os respectivos nomes. Silêncio. O orador começa:
— E aí, quem acha que vai morrer neste ano?
Uns 7 levantam as mãos. Determinados. O orador anota os nomes. Sorri. E quando retoma a atenção à turma de profetas, vê um jovem, meio tímido, querendo levantar a sua mão.
— E você, jovem? Você é novo aqui, né? Quer registrar a sua morte, a sua previsão? Pode falar!
O moleque, todo desajeitado, levanta da sua cadeira e diz:
— Não é que… só queria dizer que… tem um pedacinho de queijo preso na sua barba…

não tenho dinheiro para o show

e quando isso acontece, todas as bandas que eu gosto

todas, vêm ao mesmo tempo, quase que em um combinado

isso não me deixa triste

isso não me deixa feliz

hoje eu me contento em comprar uma tábua de carne nova para fazer farofa

e em pagar as contas atrasadas

e em conversar com os atendentes de telemarketing sobre as minhas dívidas

Os leões descem a Rebouças a toda velocidade

As patas fortes, o trote harmonioso e a serenidade do olhar felino. A determinação desses animais em busca de uma presa. Sobrevivência. O destino das feras é o Butantã, o bando deseja, e persegue, um indivíduo com sede de sangue. A presa, inútil, mal sabe do perigo que a cerca. A mortalidade, um tópico quimérico em suas conversas de boteco, é uma realidade agora em sua vida pseudo-interessante.

Os leões correm pela Raposo, sedentos. Incansáveis em sua busca.

deus não perdoa, hex

Não, não mesmo.

A bala voa zunindo, arrancando cartilagem. O cão é puxado diversas vezes; não importa o ritual ou a carne. Fulano se acostuma à vida boa, de filé mignon e Glasgow Ale, mas vagabundo apenas passa vontade na hora do acerto de contas derradeiro, e isso, xará, só pode ser feito na bala. Deus não perdoa a gente, Jonah Hex, isso é certeza…

hecatombe

Enfileirados. Olhos vítreos. Puros. O destino em nome dos Deuses. O sangue, pulsante e impaciente, jorrará entre lâminas e lanças afiadas. 100 deles. Animais. Esquartejados na areia espessa da arena de batalha. As vísceras à mostra em Cnido. Glória, glória! Sangue coagulado; humanos e bovinos, emulsionam… Eis o líquido mais cobiçado, e maldito, dos grimórios.

lobisomens escrevem fanzines

Devorar e mastigar, a sina do faminto.

A fome, aquela da boa, que dá ‘a dor’ de cabeça lancinante, ela, displicentemente, nos compele à iluminação. Triturar, mordiscar, sugar o tutano. Não temos compaixão por playboys.